Você Sabia que o Chile produziu vinhos antes da Argentina?
Muito provavelmente as uvas foram introduzidas na América na segunda viagem de Colombo em 1493. Levadas ao Peru e dai ao Chile, em 1548, chegando as regiões de Santiago Del Estero e Mendoza. Historicamente há uma questão sobre a posse de Mendoza que estaria vinculada a então Capitania Geral de Chile, zona autônoma, somente posteriormente fora convertida em o que é hoje território argentino.
Destacaria a vocês duas importantes particularidades que fazem com que o Chile seja atraente no que diz respeito a produção de vinhos. A primeira fala sobre sua disposição geográfica e seu isolamento climático. A segunda fala sobre a questão em torno da Carmènére.
A produção vinícola do Chile, está situada entre duas cordilheiras, a Cordilheira dos Andes, que todos conhecem e a desconhecida Cordilheira da Costa, basicamente desenvolvida em vales e dois desertos, o deserto frio das gelerias ao sul e o deserto seco ( quente e frio) das areias do Atacama. Dividida entre Regiões (4), sub-regiões (13), zonas ( 8 ) e áreas ( 52 ) com diversos terroirs.
Uma dessas peculiaridades em função desse isolamento do Chile é o fato de não ter sido vítima da praga Phylloxera Vastatrix, que devastou grande parte dos vinhedos do mundo, devido à sua condição geo-climática, protegido pelo Oceano Pacífico à oeste e pela Cordilheira dos Andes à leste, e os desertos entre o norte e o sul.
Em assim sendo, as parreiras chilenas são plantadas em pé-franco, isto é, plantadas sem a necessidade de enxertá-las sobre raízes de espécies americanas, resistentes à Phylloxera.
A outra particularidade diz respeito a redescoberta da Carmènére, entre os vinhedos de Merlot. Ampelógrafos franceses, durante um congresso internacional de vinicultura em 1994, identificaram a uva, extinta na Europa, misturadas aos vinhedos da Merlot. Este fato trouxe ao chile algo único na vitivinicultura mundial.
Distribuídos em longas e estreitas faixas de terra, os vinhos chilenos são marcados por uma modernidade muito intensa nos anos 80. Líderes na América do Sul, graças ao capital estrangeiro investido na região, até o início do século XXI, foi o paradigma a ser seguido na produção de uvas e de vinhos. Logo Argentina, Uruguai e Brasil foram em direção ao modelo chileno de modernidade.
Hoje a vitivinicultura chilena é muito diversa e plural, com muitas áreas novas , tanto ao norte quanto ao sul ( ver no mapa ), o Chile é o quinto maior exportador de vinhos do Mundo, perdendo só para as grandes potências.
Dotadas de características especiais, entre os vinhos brancos, se destacam a regiões mais frescas do Vale de Casablanca e as novíssimas Bio Bio, e o Vale do Limarí com sauvignons blancs maravilhosos.
Entre os tintos, o vale central se destaca, com Cabernets Sauvignos de grande renome e de importância mundial. Entre os melhores sugiro alguns blends, de corte bordaleses que se destacam mundialmente. As melhores opções estão entre a cabernet sauvignon, franc e claro com a carmènére.
Independentemente de valores, abra um vinho chileno, são os vinhos com maior quantidade de produtos com custos X qualidade no mercado. Entre um chileno de R$ 80,00 /R$ 100,00 e um francês, toma sem dúvida um chileno.
Saúde e aprecie com inteligência!
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Comentários 2
Alexandre Furniel
Prezado João!
Estou 100% de acordo!
Gostaria de te sugerir que provasse alguns cabernets argentinos ou os malbecs masi encorpados. Você vai gostar, tenho certeza. Seu comentário e paladar vão ao encontro do meu. Também sou resistente ao excesso de pirazina . Esse pimentão verde acentuado me incomoda um pouco, mas é só uma questão de paladar, pois como sabe a pirazina é um composto orgânico e faz muito bem para a saúde …
O clima seco de Mendoza, com a insolação bastante acentuada, proporciona uma maturação das uvas e do tanino de uma maneira muito agradável. Experimente os Cabernets, principalmente de Lujan ou os malbecs, comece por exemplo com o Prisionero e vá subindo a régua para encontrar seu prazer, são fantásticos.
Abs
Joao de Moraes Prado Neto
Sou médico e nas várias viagens enológicas que fiz para o Chile , conversando com alguns luminares do ramo , entre os quais Pepe , meu amigo e proprietário da Vinícola Caliptra , constato que , os vinhos do Vale Central em geral, pela interação entre as diversas cepas plantadas e a formação do solo , apresentam um expressivo aroma e sabor de pirazina, fato este que muitas vezes não me agrada.
Sem me alongar , quero ouvi- lo para aprender
Abs
Prado Neto