Hunter’s Wines: A trajetória de uma vinícola familiar que ajudou a moldar os vinhos da Nova Zelândia


Introdução
Ao escrever sobre vinhos da Nova Zelândia, é impossível não mencionar Hunter’s — uma icônica vinícola familiar de Marlborough que combina tradição, inovação e um compromisso profundo com o terroir. Neste artigo, vamos percorrer sua história, posicionamento na viticultura kiwi, estilo de produção, linha de vinhos (com ênfase especial na linha de entrada Stoneburn) e, por fim, seu papel no cenário global dos vinhos neozelandeses. Para quem procura conteúdo rico e bem referenciado sobre vinhos da Nova Zelândia, este post pretende ser uma referência duradoura.
O contexto dos vinhos da Nova Zelândia
Antes de focar em Hunter’s, vale entender o pano de fundo da viticultura na Nova Zelândia. O país tem uma história relativamente recente no vinho comercial, embora a viticultura remonte ao período colonial.
Nos anos 1970 e 1980, Marlborough emergiu como uma das regiões mais promissoras, em especial para o Sauvignon Blanc, graças à combinação de clima marítimo, solos bem drenados e amplitude térmica favorável ao desenvolvimento aromático. Hunter’s, entre outros pioneiros, foi fundamental para transformar Marlborough em sinônimo mundial de Sauvignon Blanc de expressão clara, vibrante e refinada.
A história de Hunter’s Wines
Fundação e primeiros passos (1979–1986)
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Em 1979, o irlandês Ernie Hunter plantou as primeiras vinhas em Marlborough, numa época em que a região era pouco conhecida para produção de vinhos finos.
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A propriedade foi instalada em Rapaura Road, parte do vale Wairau, uma zona que se tornaria famosa como uma "Golden Mile" da viticultura neozelandesa.
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Desde sua primeira safra comercial, em 1982, os vinhos de Hunter’s foram bem recebidos: naquela colheita inicial, os primeiros seis vinhos receberam medalhas no National Wine Show da Nova Zelândia.
Mudança de liderança, tragédias e ascensão (meados dos anos 1980–1990)
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Em 1986, Hunter’s conquistou notoriedade internacional ao ganhar o London Sunday Times Vintage Festival com seu Fumé Blanc (uma versão de Sauvignon Blanc envelhecida em carvalho).
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Tragicamente, Ernie Hunter faleceu num acidente automobilístico em 1987. Após a sua morte, Jane Hunter (sua esposa) assumiu integralmente a vinícola, transformando o sonho inicial em um empreendimento duradouro.
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Sob a liderança de Jane, Hunter’s consolidou sua reputação: a Sauvignon Blanc de 1989 ganhou o título de melhor Sauvignon no mundo pela revista Decanter.
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Também nos anos 1990, Hunter’s iniciou produção de vinhos espumantes (ex: Hunter’s Brut) e expandiu suas operações.
Consolidação e geração seguinte
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A partir dos anos 2000, Jane Hunter recebeu múltiplas honrarias (como OBE, CNZM) por sua contribuição à viticultura neozelandesa. A vinícola permaneceu fiel à gestão familiar: já nos anos 2010, os sobrinhos James Macdonald (enólogo principal) e Ed Macdonald (gerencial / produção) passaram a integrar a direção e produção da empresa.
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Até hoje, Hunter’s é reconhecida como uma das vinícolas mais antigas de Marlborough ainda sob propriedade familiar original.
Com isso, Hunter’s conseguiu manter coerência de estilo, reputação e inovação ao longo de décadas, em um cenário de crescente competitividade internacional.
Filosofia de produção e estilo de vinhos
Território, terroir e vinhedos
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Os vinhedos da Hunter’s estão situados em solos bem drenados, gravosos, com influência moderada marítima.
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Eles praticam manejo cuidadoso, com ênfase em sustentabilidade, respeito ao solo e controle rigoroso desde a vinha até a garrafa.
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A vinícola também mantém jardins nativos (Native Garden) e trabalha para regenerar ecossistemas locais.
Características da linha Stoneburn
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Os vinhos de Hunter’s tendem a exibir elegância aromática, precisão, frescor e expressão varietal clara, sem exageros.
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Embora sua reputação maior esteja com o Sauvignon Blanc, a vinícola também trabalha outras castas como Riesling, Pinot Gris, Gewürztraminer e Pinot Noir.
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Em termos de inovação, Hunter’s adota técnicas modernas de vinificação, mas sem renunciar ao caráter clássico e equilíbrio.

A linha de entrada Stoneburn: essência e valor
Para muitos consumidores e apreciadores, a linha Stoneburn representa o “ponto de entrada” ao universo Hunter’s — um equilíbrio entre acessibilidade e qualidade.
Origens de Stoneburn
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O Stoneburn Vineyard foi estabelecido em 1989, em plena Wairau Valley, sobre um antigo leito de rio com pedras (stony riverbed). O nome “Stoneburn” faz referência a essa origem pedregosa e ao herança escocesa dos proprietários.
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Embora operado de forma independente, Stoneburn é propriedade de Hunter’s, sob sua guarda e filosofia de vinificação.
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A vantagem do solo pedregoso é que as pedras retêm calor, auxiliando a maturação e expressão aromática das uvas.
Características da linha Stoneburn
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Os vinhos Stoneburn são descritos como frescos, vivos, bem equilibrados, com estilo limpo e expressão varietal direta. Fechamento: eles utilizam screwcap (Stelvin closure), para preservar os aromas e caráter frutado. Os rótulos mais comuns da linha incluem o Sauvignon Blanc e o Pinot Noir.
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No caso do Stoneburn Marlborough Sauvignon Blanc, por exemplo, descrevem-se aromas tropicais, notas herbáceas delicadas e acidez crocante.
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Para o Stoneburn Pinot Noir (2023), afirma-se que o vinho foi maturado por cerca de oito meses em barricas francesas (novas e usadas), resultando em bouquet de framboesa, taninos suaves e final fresco.
Posição e papel de Stoneburn
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Stoneburn atua como segunda marca ou linha de acesso da Hunter’s, mas com credibilidade técnica e produção alinhada aos padrões da casa.
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Isso permite à vinícola atingir públicos mais amplos, mercados de exportação de nível intermediário e consumidores que querem uma porta de entrada aos vinhos neozelandeses sem perder confiabilidade.
Principais vinhos de Hunter’s (além de Stoneburn)
Embora Stoneburn mereça destaque, Hunter’s possui outras linhas de vinhos que expressam o seu ápice qualitativo:
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Hunter’s Sauvignon Blanc — provavelmente o rótulo mais emblemático da casa, que evidencia profundidade aromática, precisão e caráter varietal.
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Hunter’s Chardonnay — embora menos divulgado que o Sauvignon, contribui para a diversidade da vinícola.
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Hunter’s Pinot Noir — exemplificando a busca por expressão nos tintos em Marlborough.
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Sparkling / Brut — produção de espumantes, como Hunter’s Brut, que diversificam o portfólio. Surpreendente por sinal!
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Outras castas menores incluem Riesling, Gewürztraminer e Pinot Gris nas safras da casa.
Esses vinhos “premium” servem a aficionados e mercados de faixa alta, enquanto Stoneburn complementa o mix com uma alternativa mais acessível.
Conclusão
Hunter’s Wines representa um dos casos de sucesso mais emblemáticos dos vinhos da Nova Zelândia: uma vinícola familiar que começou em terreno ainda pouco explorado e se tornou referência internacional. A linha Stoneburn cumpre um papel estratégico importante, ao oferecer um “deguste de entrada” com qualidade e estilo preservados, conectando consumidores que desejam descobrir o universo neozelandês sem sair da faixa acessível.
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- Andre Fonseca
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