Ata Rangi: a vinícola que elevou o Pinot Noir neozelandês
Ata Rangi: o brilho de Martinborough no firmamento dos vinhos da Nova Zelândia
Introdução: um novo amanhecer para o Pinot Noir
No universo dos vinhos da Nova Zelândia, poucas vinícolas carregam uma aura tão reverente quanto Ata Rangi. O nome, em te reo Māori, pode ser traduzido como “céu da aurora” ou “novo começo” — expressão poética que encapsula a ambição e a sensibilidade do projeto vinícola. Localizada em Martinborough, região de Wairarapa (ilha Norte), Ata Rangi é reconhecida como uma referência no cultivo do Pinot Noir neozelandês, e ao longo de quatro décadas construiu reputação internacional sem perder sua alma familiar e artesanal.
Neste artigo veremos sua história, filosofia, principais rótulos e o papel de Ata Rangi no panorama dos vinhos da Nova Zelândia.
Contexto enológico na Nova Zelândia e Martinborough
Antes de mergulharmos na trajetória de Ata Rangi, vale contextualizar o cenário em que ela emergiu:
-
A viticultura comercial neozelandesa é relativamente recente em comparação a regiões tradicionais do Velho Mundo.
-
Marlborough, no extremo sul da Ilha Sul, é muitas vezes lembrada como “a” região exportadora de renome, especialmente por seu Sauvignon Blanc. Mas outras regiões ganharam força com foco em uvas tintas e estilos mais sutis.
-
Martinborough, em Wairarapa (ilha Norte), é uma delas: solo bem drenado, amplitude térmica, influência marítima, ventos que ajudam na sanidade das videiras e solo pedregoso são condições que favorecem a produção de Pinot Noir de caráter.
-
Ata Rangi é uma das vinícolas pioneiras a provar que Pinot Noir neozelandês pode ter expressão séria e reconhecimento internacional.
História de Ata Rangi: dos primeiros passos à consagração
Os primórdios e a visão de Clive Paton (1980)
-
A história de Ata Rangi começa em 1980, quando Clive Paton, até então fazendeiro, decide trocar a rotina de criar vacas pela viticultura, movido por uma visão de futuro. (princeofpinot.com)
-
Ele adquiriu um pequeno terreno — originalmente um pasto de ovelhas — de solo pedregoso nos arredores da vila de Martinborough, com cerca de 4,9 hectares. (Ata Rangi)
-
Para obter material genético de qualidade, Clive obteve enxertos de Pinot Noir “Abel clone” vindos de Auckland (via Malcom Abel) com orientação de Neil McCallum (Dry River). (Ata Rangi)
-
A primeira colheita comercial ocorreu alguns anos depois, e o foco desde o início foi produzir vinhos elegantes e expressivos, não vinhos de volume. (princeofpinot.com)
Expansão familiar, parcerias e reconhecimento (anos 1980–2000)
-
Logo após plantar a vinha original, a irmã de Clive, Alison Paton, adquiriu um terreno adjacente, ampliando o domínio vinícola. (Falstaff)
-
A esposa de Clive, Phyll Pattie, ingressou como co-proprietária em meados da década, trazendo experiência como enóloga e colaboradora técnica. (Falstaff)
-
Ao longo dos anos 1990, Ata Rangi ganhou prêmios e reputação crescente, ajudando a colocar Martinborough no mapa mundial dos vinhos finos. (Falstaff)
-
Em 2021, a vinícola celebrou 40 anos desde a primeira plantação, destacando sua contribuição para o Pinot Noir neozelandês e sua estabilidade como operação familiar. (The Real Review)
Hoje: identidade e continuidade
-
Até hoje, Ata Rangi permanece sob administração familiar (Clive, Alison, Phyll) e com equipe dedicada, incluindo a enóloga Helen Masters e o gerente de vinhedos Ian Ewart.
-
A vinícola evoluiu para produzir vinhos single-vineyard (parcelas específicas com expressão própria), como McCrone, Craighall, KotingA, Masters, entre outras seleções. (Club Oenologique)
-
Em 2022, por ocasião de uma celebração interna, Ata Rangi organizou uma degustação vertical de 25 magnums, representando safras de 1994 a 2019, para revisitar sua trajetória líquida. (Ata Rangi)
Filosofia, vinhedos e estilo de vinhos
Vinhedos e parcelas
-
Ata Rangi classifica suas uvas por blocos distintos: Home Block (o bloco original com Pinot Abel clone), Craighall, McCrone, Kotinga, Masters etc. A ideia é que cada parcela possa expressar nuances do micro-terroir. (Ata Rangi)
-
O solo é pedregoso, bem drenado, com pedras e cascalho — ideal para forçar raízes profundas e controlar vigor, favorecendo vinhos concentrados.
-
A exposição, ventilação e amplitude térmica contribuem para maturações lentas e equilíbrio entre acidez e maturidade fenólica.
Estilo e identidade dos vinhos
-
O foco de Ata Rangi é entregar vinhos elegantes, com profundidade, finesse, textura refinada e expressão distintiva de fruta vermelha e notas terrosas/vegetais.
-
O Pinot Noir é a estrela — posso afirmar que Ata Rangi ajudou a elevar o Pinot da Nova Zelândia para além dos clichês de nova-onda. (Falstaff)
-
Além de Pinot Noir, a vinícola também elabora vinhos brancos — como Chardonnay (ex: Craighall Chardonnay) e outras expressões.
-
Ata Rangi segue práticas sustentáveis, cuidando da vinha com esmero e buscando que seus vinhos reflitam o local (sense of place) com mínima intervenção desnecessária. (Falstaff)
Principais rótulos da Ata Rangi e o que provar
Rótulos museus e seleções de prestígio
-
Ata Rangi McCrone Vineyard Pinot Noir — proveniente de parcela com expressão intensa, muitos críticos o destacam como um dos vinhos de topo da casa. (Club Oenologique)
-
Ata Rangi Craighall Chardonnay — a expressão branca premium da vinícola, em que se busca elegância e precisão. (Club Oenologique)
-
Ata Rangi Kotinga, Ata Rangi Masters — vinhos que refletem blocos específicos, tentando diferenciar nuances do solo, plantio e microclima. (Club Oenologique)
-
Ata Rangi flagship Pinot Noir / Vineyard Selection — representa o estilo clássico e a denominação de Ata Rangi, reunindo os blocos ou aspectos centrais da identidade da vinícola. (Falstaff)
Dicas de degustação
-
Ao degustar um Pinot Noir da Ata Rangi, espere aromas de cereja vermelha, framboesa, notas florais sutis, nuances terrosas ou de ervas finas, dependendo da safra e bloco.
-
Sua textura costuma ser sedosa, com taninos finos, bom equilíbrio entre acidez e fruta, e potencial de guarda em safras mais favoráveis.
-
Para os brancos (como o Craighall Chardonnay), espere elegância, acidez bem integrada, notas cítricas/maçã madura e toques de carvalho bem dosados se houver uso de barrica.
Posicionamento de Ata Rangi no cenário neozelandês
-
Ata Rangi é frequentemente citada como uma das vinícolas que ajudaram a projetar Martinborough como polo sério de Pinot Noir neozelandês. (Falstaff)
-
Mesmo em meio ao domínio da produção de Sauvignon Blanc em Marlborough, Ata Rangi serviu como contraponto — mostrando que uvas tintas finas têm espaço e protagonismo no “novo mundo” do vinho.
-
Seu respeito ao caráter local e à produção de nicho lhe garante prestígio internacional entre críticos, sommeliers e colecionadores.
-
Em rankings de vinícolas neozelandesas, Ata Rangi já ocupou posições de destaque — por exemplo, foi incluída entre as mais respeitadas da Nova Zelândia. (The Real Review)
Agora que conhece mais sobre essa grande vinícola neozelandesa, descubra seus rótulos disponíveis aqui no Brasil, pela Winerie! Clique aqui!
- Tags: Curiosidades Países
- Andre Fonseca





Comentários 0